domingo, 8 de março de 2009

Ela Ousou - Margarida Maria Alves



O Dia Internacional da Mulher foi proposto pela líder socialista Clara Zetkin, durante a Segunda Conferência Internacional da Mulher Socialista, no início do século passado, em Copenhague, em 1910.
Uma data em homenagem às mulheres trabalhadoras e a todas as mulheres que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária. Que lutam pelo fim da opressão, miséria e exploração dos povos. Gostaríamos de resgatar também o espírito de luta e combatividade de todas as companheiras que caíram em combate, que resistiram tenazmente, e não abriram mão de seus objetivos. Neste 8 de março de 2005, uma lembrança especial a Margarida Maria Alves. Uma Maria, como a da música, que aponta:

"é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana, sempre."

E ela teve. Como revela, em seu poema, Raimundo Francisco de Lima.

MARGARIDA MARIA ALVES

Trabalhadora rural, rendeira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, Paraíba, foi assassinada por jagunços no dia 12 de agosto de 1983. A sua luta em defesa dos trabalhadores sem terra, pelo registro da carteira, pela jornada de 8 horas, pelo 13º salário, férias, entre outros direitos, incomodou os usineiros do Grupo Várzea. Foi assassinada a tiros de escopeta que lhe estouraram o rosto e o cérebro, na porta de sua casa, diante do marido e dos filhos.

Margarida lutadora

No dia doze de agosto
do ano de oitenta e três
parece que a natureza
descuidou-se ou não sei
fazendo com que Margarida
víssemos pela última vez.

Margarida porque tinha
trabalho de consciência
saiu deixando um trabalho
por outro mais de urgência
sem saber que os patrões
usariam da violência.

Estando na sua casa
conversando com o marido
foi visto por um vizinho
quando chegou um bandido
chegando deixar seu corpo
sem vida no chão caído.

Seu Casimiro que estava
nesta mesma ocasião
sentado em uma cadeira
olhando a televisão
foi escutando um disparo
e vendo a esposa no chão.

O Rio Grande do Norte
e Pernambuco também
o povo da Paraíba
de Itambé a Belém
sentiram este drama triste
por tanto lhe querer bem.

Chora toda a Paraíba
que conhecia a mulher
por ser muito combativa
e mantinha a classe em pé
a morte de Margarida
para o povo é taça de fé.

Com ela são trinta e dois
já vítimas de violência
queremos que a justiça
use de mais consciência
tomando de imediato
as devidas providências.

Justiça por caridade
descubra este bandido
se apelarmos pra Deus
faz o que Ele é servido
para que vocês esperem
porque que com ferro fere
com ferro será ferido.

Raimundo Francisco de Lima
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Pedro, Rio Grande do Norte.

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